A Virgem Maria é o modelo perfeito da vivência plena da Eucaristia e “pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com Ele”[1]. Ela é a mulher eucarística[2], Sacrário vivo, porque no seu seio gerou o menino Deus. Soube como ninguém ouvir a voz de Deus no seu coração entregando-se inteiramente ao mistério de Deus que se realizou completa e perfeitamente na sua vida como diz o papa Bento XVI: “Maria é a grande Crente que, cheia de confiança, Se coloca nas mãos de Deus, abandonando-Se à sua vontade”[3]:« Feliz d'Aquela que acreditou » (Lc 1, 45): Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de « sacrário » – o primeiro « sacrário » da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que « irradiando » a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?[4]
Em Maria sempre Virgem podemos já experimentar as maravilhas de Deus: a salvação prometida, a libertação dos pecados, a plena manifestação da graça em nós e a sua misericórdia, como ela mesma afirma no Magnífica: “Todas as gerações me chamarão Bem-Aventurada, por que o Senhor fez em grandes coisas” (Lc. 1,48).
Na Sua Assunção ao céu vemos o nosso seguro sinal da esperança escatológica do céu[5]. Na Sua total liberdade deixou a graça de Deus Pai agir no seu ser de Filha, Mãe e Esposa. Não impôs condição alguma, apenas disse: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Cf. Lc. 1,38).
Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amen que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. A Maria foi-Lhe pedido para acreditar que Aquele que Ela concebia « por obra do Espírito Santo » era o « Filho de Deus » (cf. Lc 1, 30-35). Dando continuidade à fé da Virgem Santa, no mistério eucarístico é-nos pedido para crer que aquele mesmo Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, Se torna presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino.[6]
Maria é o modelo a ser seguido pela Igreja e por cada um de nós na vivência plena da Eucaristia e “sempre que na liturgia eucarística nos abeiramos do corpo e do sangue de Cristo, dirigimo-nos também a Ela que, por toda a Igreja, acolheu o sacrifício de Cristo, aderindo plenamente ao mesmo”[7].
Esteve sempre com o Seu Filho, caminhou, sofreu e foi até o último suspiro de Cristo. Assim como Cristo, que na cruz se entregou por nós, a Virgem Maria também padeceu na cruz junto ao Seu Filho, se associou ao seu sacrifício com o seu coração de mãe entregando seu Filho para ser imolado:
Desde a anunciação até à cruz, Maria é Aquela que acolhe a Palavra que n'Ela Se fez carne e foi até emudecer no silêncio da morte. É Ela, enfim, que recebe nos seus braços o corpo imolado, já exânime, d'Aquele que verdadeiramente amou os Seus « até ao fim » (Jo 13, 1).
Por tudo isso, devemos nos associar a Virgem Maria, “Ela é a imaculada que acolhe incondicionalmente o dom de Deus”[8] que é modelo de santidade, de obediência, de simplicidade e de virtude, somos filhos amados, pois não somos órfãos de mãe. Maria sempre virgem é para o povo peregrino sinal de esperança certa e de consolação[9].
Seminarista Marcelo Luiz dos Santos
[1] João Paulo, Carta Encíclica Ecclesiae De Eucharistia, n.53.
[2] Cf. João Paulo, Carta Encíclica Ecclesiae De Eucharistia, n.53.
[3] Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, n.33.
[4] João Paulo, Carta Encíclica Ecclesiae De Eucharistia, n.55.
[5] Cf. Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, n.33.
[6] João Paulo, Carta Encíclica Ecclesiae De Eucharistia, n.53.
[7] Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis,n.33.
[8] Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, n.33.
[9] Cf. Lumen Gentium 68.
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