Assunção de Maria ao Céu

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para sempre seja louvado.

Caros irmãos e irmãs,

O que nós celebramos hoje?

Hoje celebramos a solenidade da Assunção da Mãe de Jesus ao céu. É uma festa muito antiga, mas foi definida como um ensinamento importante e indispensável para os cristãos católicos (dogma de fé) no dia 1º de novembro de 1950 pelo papa Pio XII.

O Catecismo da Igreja ensina: A Imaculada Virgem, terminado o curso da vida terrena, foi elevada (assunta) em corpo e alma à glória celeste. Esta exaltação foi realizada para que ela ficasse mais parecida com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte. A assunção de Maria é uma participação única na ressurreição do seu filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos (cf. CIC 966).

Na segunda leitura da liturgia ouvimos: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram... Como em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos reviverão” (1Cor 15,20.22). Primícias são os primeiros frutos de uma colheita. S. Paulo afirma que a ressurreição de Jesus é primícias, os primeiros frutos daquilo que vai acontecer com todos: a ressurreição. A fé cristã acredita que na vinda gloriosa de Jesus, todos ressuscitarão para viver com Ele a plena felicidade, a alegria eterna e perfeita.

A festa de hoje celebra a antecipação da ressurreição na vida de uma criatura especial: Maria. Se Jesus foi o primeiro a ressuscitar, Maria foi a segunda a receber o corpo glorioso e entrar no céu em corpo e alma. Todos os outros santos estão no céu só com sua alma, experimentando nela a felicidade eterna e sem medidas que a presença de Deus e dos irmãos podem nos dar. Maria vivencia esta alegria em corpo e alma.

Por que Maria recebeu a graça, antes de todos nós, de entrar no céu com corpo e alma?

A resposta é simples, porque Deus quis mostrar como é grande e profunda a redenção realizada por Cristo e a qual glória pode conduzir as criaturas que se deixam atingir e transformar por esta redenção. Maria entrou no céu com corpo e alma para mostrar que Jesus deseja fazer a mesma coisa com cada cristão que se deixa atingir pela sua mensagem redentora.

Qual o caminho que levou Maria a esta glória?

É o caminho da fé e da humildade. “Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45) disse Isabel à sua prima. Maria acreditou sempre: diante do anúncio do anjo que seria a Mãe do Salvador disse sim (Lc 1,38); quando não entendia as palavras de Jesus procurava guardá-las em seu coração (Lc 2,50-51); aos pés da cruz permaneceu de pé (Jo 19,25-27). Acreditar significa confiar primeiramente na pessoa, depois em suas palavras. Foi isso que Maria fez em relação a Deus e a seu Filho, confiou e se deixou conduzir por Eles até à glória celeste.

Deus olhou para a humildade de sua serva (cf. Lc 1,48). A fé só nasce em corações humildes, que reconhecem que existe alguém acima de si e mais importante. Ser humilde é, antes de tudo, reconhecer seu lugar diante de Deus e do próximo. Não sou maior ou igual a Deus mas filho e servo Seu. Não sou melhor ou pior que meus irmãos mas igual em dignidade. Deus escolheu Maria para mostrar o que Ele pode fazer nos corações humildes: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,49).

A humildade é a explicação do mistério de Maria e da sua eleição. Ela foi cheia de graça porque foi vazia de si.

Qual o caminho que pode nos levar ao céu?

Para que Deus possa fazer em nós “grandes coisas”, conduzindo-nos à glória que Maria recebeu, é preciso que trilhemos o mesmo caminho: fé e humildade. Aproximemo-nos da Mãe de Jesus e imitemos sua docilidade e abertura a Deus e, acima de tudo, peçamos que ela interceda por nós para que saibamos percorrer a estrada da fé e da humildade[1].

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[1] Texto baseado em Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Anno A. 12ª ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 318-321.