Na poesia que os leitores terão a oportunidade de ler, o poeta expressa a magnitude de ser sacerdote, de ser um servo eterno de Deus. O mesmo aponta que a marca do ser sacerdote, quando empregada em um homem com as mãos sábias de Deus, ninguém é capaz de apagar, pois através dessa ação o homem passa a relacionar-se intimamente com o Pai. Além disso, mostra-se autônomo em relação a sua capacidade de escrever sua própria história, não com medidas egoístas e intransigentes, mas seguindo os caminhos impostos por seu coração. Como é do nosso conhecimento Padre Gerardo afastou-se de suas atividades eclesiais para contrair matrimônio com a médica Maria Arides Fernandes Campos, que exerceu suas atividades profissionais na época em que o sacerdote estava a frente da Paróquia de Guaiúba, essa informação ajudará os nossos leitores a compreender melhor o teor sentimental dessa poesia.
Antônio Carlos Sales Paiva
JURAVIT DOMINUS[1]
Sou sacerdote, sim, ninguém apaga
A marca com que Deus me assinalou
A mão, que num altar, o Cristo afaga
Sempre será a mão que Deus marcou.
E não é crime que essa mão sagrada
Engrandecida pelo santo altar
Possa apertar uma outra mão amada
Na santidade de seu próprio lar!
Sou sacerdote, sim, eternamente!
Minha palavra pelo mundo vai
Falando sem cessar a toda gente
Do Cristo do Evangelho, o Amor do Pai.
E se Ele, um dia, me mandou partisse
Ao mundo inteiro anunciando o Amor,
Que mal eu fiz porque a alguém eu disse:
Eu te amo sempre no prazer e na dor?
Sou sacerdote e me envaideço disto.
Dom que Deus dá não tomará jamais.
Sou para sempre um pregador de Cristo,
Deixem que eu fale só de amor e paz.
Os direitos que eu tenho não me tomem!
Sou sacerdote. Deixem-me viver.
A liberdade é Dom de Deus ao Homem,
Deixem que eu seja como quero ser!
[1] CAMPOS, Gerardo. Ressonâncias. ABC Fortaleza, 1998, p. 117. Confira ao lado uma fotografia que mostra o lançamento do livro de Padre Gerardo em Guaiúba.
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