segunda-feira, 18 de março de 2013

Por que sou católico? III





IV Encontro

Céu, Inferno e Purgatório


Céu
Céu

·         Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva.
·         Os que morrem na graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos.
·         Formam assim a Igreja do céu, onde veem Deus «face a face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem por nós.
·         Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados viverão para sempre com Cristo.
·         Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2), «face a face» (1 Cor 13, 12).


  Definição da Igreja

·         «Com a nossa autoridade apostólica, definimos que, por geral disposição divina, as almas de todos os santos mortos antes da paixão de Cristo [...] e as de todos os outros fiéis que morreram depois de terem recebido o santo Batismo de Cristo e nas quais nada havia a purificar no momento da morte, ou ainda daqueles que, se no momento da morte houve ou ainda há qualquer coisa a purificar, acabaram por o fazer, [...] mesmo antes de ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal – e isto depois da Ascensão ao céu do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo –, estiveram, estão e estarão no céu, associadas ao Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na companhia dos santos anjos. E depois da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, essas almas viram e veem a essência divina com uma visão intuitiva e face a face, sem a mediação de qualquer criatura» (Bento XII, Benedictus Deus: DS 1000).
·         Esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, esta comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e todos os santos, chama-se «céu».
·         O céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
·         Viver no céu é «estar com Cristo» (Jo 14,3; Fl 1,23; 1Ts 4,17).
·         Em Cristo, os fieis encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio (Ap 2,17).
·         Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu.
·         O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados n'Ele.
·         Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo ultrapassa toda a compreensão e toda a representação.
·         A Sagrada Escritura fala-nos dele por imagens: vida, luz, paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, paraíso.

São Paulo, ao falar desta realidade escreve: Aquilo que «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem, Deus o preparou para aqueles que O amam» (1 Cor 2, 9)

·         Em virtude da sua transcendência, Deus não pode ser visto tal como é, senão quando Ele próprio abrir o seu mistério à contemplação imediata do homem e lhe der capacidade para O contemplar.
·         Esta contemplação de Deus na sua glória celeste é chamada pela Igreja «visão beatífica»:

«Qual não será a tua glória e a tua felicidade quando fores admitido a ver a Deus, a ter a honra de participar nas alegrias da salvação e da luz eterna, na companhia de Cristo Senhor teu Deus, [...] gozar no Reino dos céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, das alegrias da imortalidade alcançada!» (S. Cipriano, Epistula 58,10).

·         Na glória do céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus, em relação aos outros homens e a toda a criação.
·         Eles já reinam com Cristo. Com Ele «reinarão pelos séculos dos séculos» (Ap 22, 5)


Purgatório 

    Purgatório

·         O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus (sem pecado mortal), mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.
·         Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico (Missa), mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.
·         Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados (ainda têm penas/consequências em decorrência dos pecados já perdoados), embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
·         A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente diferente do castigo dos condenados.
·         A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos Concílios de Florença (DS 1304) e de Trento (DS 1820; 1580).
·         A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (por ex.: 1Cor 3,15; 1Pd 1,7) fala dum fogo purificador:
«Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há de vir» (S. Gregório Magno, Dial. 41,3)
·         Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46).
·         Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico (Missa) para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus.
·         A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos.
«Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627), por que duvidar de que as nossas oferendas pelos defuntos lhes levam alguma consolação? [...] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (S. João Crisóstomo, Hom. In 1Cor 41,5)


Inferno
  

  Inferno

·         Não podemos estar unidos a Deus se não escolhermos livremente amá-Lo.
·         Não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra o nosso próximo ou contra nós mesmos:
«Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida: ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida eterna» (1 Jo 3, 14-15).
·         Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus significa permanecer separado d'Ele para sempre, por nossa própria livre escolha.
·         É este estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».
·         Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal.
·         Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se apaga» (Mt 5,22.29; 13,42.50; Mc 9,43-48630) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo (Mt 18,20). Cristo exprime esta realidade também com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41).
·         A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade.
·         As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno» (DS 76; 409; 411; 801; 858; 1002; 1351; 1575).
·         A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.
·         Tudo isso é apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno.
·         É também um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14):
·         Deus não predestina ninguém para o Inferno (DS 397; 1567).
·         Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim.
·         Na liturgia eucarística e nas orações cotidianas dos seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, «que não quer que ninguém pereça, mas que todos se convertam» (2 Pd 3, 9).

Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda dos vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos (MR, Cânon Romano 88 – Oração Eucarística I)

·         Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» (2Pd 3,9), tendo criado o homem livre e responsável, respeita as suas decisões.
·         Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus.


Importante!

·         É muito consolador perceber que a Igreja define, com atos solenes, que uma pessoa foi para o céu: beatificação e canonização;
·         Ela, porém, nunca definiu por ato solene que alguém tenha ido para o inferno, nem mesmo os maiores inimigos da humanidade ou da própria Igreja;
·         Excomungar não é dizer que está no inferno, mas tirar da comunhão eclesial para ver se a pessoa percebe seu erro, se converte e possa, assim, retornar à comunhão da Igreja. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário