IV Encontro
Céu, Inferno e Purgatório
Céu
Céu
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Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e
definitiva.
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Os que morrem na graça de Deus e não precisam de ulterior
purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos.
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Formam assim a Igreja do céu, onde veem Deus «face a face»
(1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e
intercedem por nós.
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Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem
perfeitamente purificados viverão para sempre com Cristo.
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Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão «tal
como Ele é» (1 Jo 3, 2), «face a face» (1 Cor 13, 12).
Definição
da Igreja
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«Com a nossa autoridade apostólica, definimos que, por
geral disposição divina, as almas de todos os santos mortos antes da paixão de
Cristo [...] e as de todos os outros fiéis que morreram depois de terem
recebido o santo Batismo de Cristo e nas quais nada havia a purificar no
momento da morte, ou ainda daqueles que, se no momento da morte houve ou ainda
há qualquer coisa a purificar, acabaram por o fazer, [...] mesmo antes de
ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal – e isto depois da Ascensão
ao céu do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo –, estiveram, estão e estarão no
céu, associadas ao Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na
companhia dos santos anjos. E depois da paixão e morte de nosso Senhor Jesus
Cristo, essas almas viram e veem a essência divina com uma visão intuitiva e
face a face, sem a mediação de qualquer criatura» (Bento XII, Benedictus
Deus: DS 1000).
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Esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, esta comunhão
de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e todos os santos,
chama-se «céu».
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O céu é o fim último e a realização das aspirações mais
profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
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Viver no céu é «estar com Cristo» (Jo 14,3; Fl 1,23; 1Ts
4,17).
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Em Cristo, os fieis encontram a sua verdadeira identidade,
o seu nome próprio (Ap 2,17).
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Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o
céu.
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O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão
perfeitamente incorporados n'Ele.
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Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com
todos os que estão em Cristo ultrapassa toda a compreensão e toda a
representação.
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A Sagrada Escritura fala-nos dele por imagens: vida, luz,
paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste,
paraíso.
São
Paulo, ao falar desta realidade escreve: Aquilo
que «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo
pensamento do homem, Deus o preparou para aqueles que O amam» (1 Cor 2, 9)
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Em virtude da sua transcendência, Deus não pode ser visto
tal como é, senão quando Ele próprio abrir o seu mistério à contemplação
imediata do homem e lhe der capacidade para O contemplar.
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Esta contemplação de Deus na sua glória celeste é chamada
pela Igreja «visão beatífica»:
«Qual não será a tua glória e a tua
felicidade quando fores admitido a ver a Deus, a ter a honra de participar nas
alegrias da salvação e da luz eterna, na companhia de Cristo Senhor teu Deus,
[...] gozar no Reino dos céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus,
das alegrias da imortalidade alcançada!» (S. Cipriano, Epistula 58,10).
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Na glória do céu, os bem-aventurados continuam a cumprir
com alegria a vontade de Deus, em relação aos outros homens e a toda a criação.
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Eles já reinam com Cristo. Com Ele «reinarão pelos séculos
dos séculos» (Ap 22, 5)
Purgatório
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O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus
(sem pecado mortal), mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda
de purificação para entrar na alegria de Deus.
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Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda
peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas
orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico (Missa), mas também
esmolas, indulgências e obras de penitência.
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Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de
todo purificados (ainda têm penas/consequências em decorrência dos pecados já
perdoados), embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma
purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do
céu.
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A Igreja chama Purgatório a esta purificação final
dos eleitos, que é absolutamente
diferente do castigo dos condenados.
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A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório
sobretudo nos Concílios de Florença (DS 1304) e de Trento (DS 1820; 1580).
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A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da
Escritura (por ex.: 1Cor 3,15; 1Pd 1,7) fala dum fogo purificador:
«Pelo
que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do
julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando
diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe
será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta
afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e
outras no mundo que há de vir» (S. Gregório Magno, Dial. 41,3)
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Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos
defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu
um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac
12, 46).
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Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos
defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício
eucarístico (Missa) para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de
Deus.
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A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as
obras de penitência a favor dos defuntos.
«Socorramo-los
e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo
sacrifício do seu pai (627), por que duvidar de que as nossas oferendas pelos
defuntos lhes levam alguma consolação? [...] Não hesitemos em socorrer os que
partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (S. João Crisóstomo, Hom. In 1Cor 41,5)
Inferno
Inferno
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Não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele,
contra o nosso próximo ou contra nós mesmos:
«Quem
não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida:
ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida eterna» (1 Jo 3,
14-15).
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Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar
acolhimento ao amor misericordioso de Deus significa permanecer separado d'Ele
para sempre, por nossa própria livre escolha.
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É este estado de autoexclusão definitiva da comunhão com
Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».
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Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha
livre, morrem em pecado mortal.
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Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se
apaga» (Mt 5,22.29; 13,42.50; Mc 9,43-48630) reservada aos que recusam, até ao
fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo
tempo, a alma e o corpo (Mt 18,20). Cristo exprime esta realidade também com as
palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25,
41).
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A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua
eternidade.
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As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão
imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o
fogo eterno» (DS 76; 409; 411; 801; 858; 1002; 1351; 1575).
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A principal pena do inferno consiste na separação eterna de
Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi
criado e a que aspira.
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Tudo isso é apelo ao sentido de responsabilidade com que
o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno.
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É também um apelo urgente à conversão: «Entrai pela
porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição
e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o
caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14):
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Deus não predestina ninguém para o Inferno (DS 397; 1567).
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Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão
voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim.
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Na liturgia eucarística e nas orações cotidianas dos seus
fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, «que não quer que ninguém
pereça, mas que todos se convertam» (2 Pd 3, 9).
Recebei, ó Pai, com bondade, a
oferenda dos vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa
paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos
eleitos (MR, Cânon Romano 88 – Oração Eucarística I)
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Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se
arrepender» (2Pd 3,9), tendo criado o homem livre e responsável,
respeita as suas decisões.
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Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se
exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao momento da própria
morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus.
Importante!
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É muito consolador perceber que a Igreja define, com atos
solenes, que uma pessoa foi para o céu: beatificação e canonização;
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Ela, porém, nunca definiu por ato solene que alguém tenha
ido para o inferno, nem mesmo os maiores inimigos da humanidade ou da própria
Igreja;
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Excomungar não é dizer que está no inferno, mas tirar da
comunhão eclesial para ver se a pessoa percebe seu erro, se converte e possa,
assim, retornar à comunhão da Igreja.
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