sábado, 14 de maio de 2011

Homilia do IV Domingo da Páscoa - Ano A



Cristo Ressuscitou Aleluia!
Sim, Ressuscitou de Verdade, Aleluia!
Caros irmãos e irmãs,

Estamos no quarto domingo da Páscoa e o evangelho de hoje apresenta a primeira parte da alegoria (parábola mais elaborada) do Bom Pastor na qual Jesus diz que é a Porta do redil, onde se encontram as ovelhas (Jo 10,7.8). Na primeira vez que li esta passagem para preparar a homilia, me chamou muito a atenção seu início: “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas”. Jesus está falando sobre os pastores, aqueles que têm a responsabilidade de cuidar do povo de Deus. Existem dois tipos de pastores na Igreja: os que fazem tudo através de Cristo, visando o bem das ovelhas e não o próprio, são os que entram pela porta; e os que fazem tudo em proveito próprio, nem se lembram de Cristo nem do bem das ovelhas, são os ladrões e assaltantes que sobem por outros lugares. A estes últimos pastores pode-se recordar Ez 34:
“A palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e dize-lhes: 'Pastores, assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam-se a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o seu rebanho? Vós vos alimentais com leite, vos vestis de lã e sacrificais as ovelhas mais gordas, mas não apascentais o rebanho... Por falta de pastor, elas dispersaram-se... Eis-me contra os pastores'” (vv. 1-10).
O profeta Ezequiel estava falando contra os reis de sua época, mas Jesus parece recordar esta profecia aplicando aos pastores de então, escribas e saduceus. Não seria difícil aplicarmos estas palavras de Jesus e do profeta aos pastores da Igreja, a mim em primeiro lugar. Será que tenho feito tudo através de Cristo (Ele é a porta) e em vista do bem das Suas ovelhas? Entrar no redil através de Cristo seria fazer do meu trabalho uma ação Dele. Para isso, preciso ouvir a pergunta que Ele dirigiu a Pedro: “Simão, tu me amas ? (Emilio, tu me amas?) Apascenta as minhas ovelhas”. (Jo 21,15). Entrar no redil através de Cristo é amá-Lo acima de tudo, amar mais do que se ama as ovelhas, amar mais do que se ama a si mesmo, amá-Lo mais do que os outros O amam. O pastor precisa amar Jesus mais do que as ovelhas O amam, para poder dar a vida por elas sem esperar nada em troca. É por isso que a Igreja, sabiamente, vincula o pastoreio sacerdotal ao celibato por amor a Deus e ao Seu povo. Uma forma de exigir um amor maior.
Para esse amor acontecer, é preciso, porém, a mediação da oração, da leitura e meditação da Sagrada Escritura, se deixar conduzir pelo Senhor e seu Espírito e tentar viver no amor de Deus. Isso vai purificando o coração humano e pecador do pastor e tornando-o semelhante ao coração do Bom Pastor, Jesus. É um caminho longo. Não posso, porém, deixar de lado a outra parte do questionamento: será que me preocupo mais com meu bem estar e deixo as ovelhas ao relento? Pergunta dura para se fazer a um pastor, mas necessária. Preciso pensar nela e deixar que ressoe na minha vida
O mesmo questionamento pode ser feito a todos aqueles que têm alguma função de pastoreio na Igreja: Ministros da Sagrada Comunhão (MESC), coordenadores de pastoral, movimento e serviço, responsáveis pelos grupos de catequese etc. Temos feito tudo através de Cristo e para o bem do povo? Ou ainda estamos pensando principalmente em nós mesmos? No reconhecimento que mereço, na satisfação que este trabalho me dá etc?
Questionamento também válido para os pais, avós e tios. Cuido das minhas ovelhas (filhos, sobrinhos, netos) passando através de Jesus e pensando no bem delas? Para ser pai, mãe, avô, avó, tio ou tia é preciso também entrar e sair através de Cristo, ou seja, amá-Lo acima de tudo e em tudo procurar o bem da pessoa que me foi confiada, nunca o meu bem, honra ou autoridade. Os meios para alcançar este objetivo é a oração, leitura e escuta da Palavra do Senhor etc., como dito acima.
A mesma contestação que Jesus fez aos pastores e tentei aplicar à minha realidade, você pode fazer a si. Por isso, releia a passagem de Ezequiel (capítulo 34) e deixe que ela questione a sua vida.
Padre Emilio Cesar
(Pároco de Guaiúba)

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