quarta-feira, 11 de maio de 2011

A IMAGEM DA SAGRADA FAMÍLIA – GESTO DE GRATIDÃO E DE TEMOR A DEUS GARANTIRAM SUA EXISTÊNCIA[1]



Segundo Albano Amora[2] (1972:33) “as aglomerações urbanas chamadas cidades surgem a margem de rios, nas proximidades de portos ou via-férreas, ao lado de jazidas minerais, de igrejas”. No caso da cidade de Guaiúba, consta nos altos da história local que a antiga vila surgiu ao lado da Igreja Matriz, na época uma pequena ermida de palha tendo no seu interior a imagem da Sagrada Família, uma escultura em madeira hoje inexistente, não se sabendo ao certo qual foi o seu destino.
Com a construção da Igreja Matriz cuja finalização se deu no ano de 1899, a imagem antiga foi substituída por outra compatível com a estrutura do alta-mor. A doação da imagem foi feita por André Accioly de Vasconcelos, que por conseqüência de um surto de cólera-morbus que atingiu o estado do ceará entre os anos de 1860 a 1865, considerada na época uma peste, fez uma promessa de doar a Capela de Guaiúba novas imagens da Sagrada Família, se ninguém de sua família morresse da doença. Alcançada a graça, cumpriu o voto fazendo vir da Bahia as ditas imagens. As imagens permanecem até hoje em local de destaque na Igreja Matriz e de lá foi retirada para restauração em 2007, no paroquiato de Padre Emílio Porto Cabral, sendo que as mesmas foram devolvidas ao seu lugar de origem no dia 03 de fevereiro de 2008.
A razão da escolha do patrocínio de Jesus, Maria e José para padroeiro da Capela pode ter sido devido ao fato dos primeiros habitantes da vila de Guaiúba serem famílias flageladas pelas grandes secas que assolaram o Ceará na época e que se espelharam na força vivificadora da família de Nazaré para superarem seus obstáculos e garantirem assim sua sobrevivência.
ANTÔNIO CARLOS SALES PAIVA

[1] As informações colhidas para a construção desse texto foi fundamentada na Crônica "Guaiúba dos Acciolys e Cabrais", Seção "Crônicas Pacatubanas", escrita por Padre José Edilson Campos e Silva para o Jornal Correio do Ceará (hoje extinto).
[2] AMORA, Manoel Albano. Pacatuba – Geografia Sentimental. 1. Ed. Fortaleza – Ceará. Editora Henriqueta Galeno. 1972.

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