Cristo Ressuscitou, Aleluia!
Sim, Ressuscitou de Verdade, Aleluia!
Caros irmãoe irmãs,
Hoje gostaria de meditar com vocês sobre o início deste evangelho: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também" (Jo 14,1). Jesus fala isso no contexto da última ceia, para os discípulos que já tinham ouvido o anúncio da traição de Judas (Jo 13,21ss) e da negação de Pedro (Jo 13,38), e já deviam estar com o coração perturbado (inquieto, sem paz). Mais a frente o próprio Mestre vai dizer-lhes: "Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração" (Jo 14,27). Quando Ele fala de coração não está se referindo à sede dos sentimentos, mas à sede das decisões, da verdade, do encontro e da Aliança. É o lugar mais profundo do nosso ser, onde decidimos pela vida ou pela morte, pela verdade ou pela mentira, por crer ou não em Deus. Aí se travam as maiores batalhas, se gozam as maiores alegrias, se permanece só e nu para si mesmo. É importante também dizer que a paz que o Senhor fala não é uma tranquilidade interior, sentimentos amenos e agradáveis, mas é comunhão com Ele, fruto da reconciliação com Deus operada por Jesus (Rm 5,1).
Tendo dito isso, precisamos constatar que Jesus também experimentou essa perturbação interior ao menos duas vezes, segundo o evangelho de João. A primeira foi quando percebeu que tinha chegado sua hora, hora de passar para o Pai, ao ver que os gregos estavam à sua procura (Jo 14,27). A segunda foi no momento de anunciar que Judas iria entregá-lo à morte (Jo 13,21). Sendo homem, Jesus se perturba, é um momento de luta, de decisões vitais e últimas.
Como fizeste, ó Mestre, para não sucumbir nessa hora,
para não negar aquilo que pregaste,
para não odiar aqueles que te traíram, negaram, abandonaram?
Mais uma vez optaste pelo Pai,
mais uma vez confiaste Nele e disseste SIM ao Seu plano de amor.
Diante das dificuldades de nossa vida que tanto nos perturbam, o filho que usa drogas, o esposo que é violento, os contra-testemunhos de pessoas da própria Igreja... o que fazer? Jesus nos dá o caminho: renovar nossa fé em Deus e nele. Crer significa confiar, abandonar-se nos braços daquele que nos criou, nos salvou e quer nosso bem. Acreditar que ele está nos conduzindo e tentando tirar um bem de cada coisa que acontece conosco, mesmo das dificuldades e dos sofrimentos não queridos por ele. Ele se coloca nesse momento como uma mãe que pede para seu filhinho pular nos seus braços sem se preocupar em cair porque ela irá segurá-lo. Esta confiança total, que se decide no coração, gera comunhão com Deus, ou seja, gera a paz verdadeira que nada pode roubar, nem as dificuldades da vida.
Por isso, meus irmãos, renovemos nossa fé no Senhor, nossa entrega confiante nos seus braços e assim teremos sua paz.
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