sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

V DOMINGO DO TEMPO COMUM


Is 58,7-10
1Cor 2,1-5
Mt 5,13-16

"Vós sóis a luz do mundo" (Mt 5,14).

Domingo passado celebrávamos a Festa da Apresentação do Senhor e lembrávamos que o menino com apenas quarenta dias de vida já era reconhecido como Luz para as nações e glória do seu povo (cf. Lc 2,32). O evangelho de hoje nos diz que nós somos também luz do mundo (Mt 5,14). Em que sentido isso acontece?
Alguns podem pensar que Jesus estaria convidando a mostrar nossos talentos aos outros: “sua luz precisa brilhar e não deixe que ninguém a ofusque”. Quem interpreta ou pensa assim está muito longe daquilo que o evangelho quer ensinar.
O evangelista João afirma que a verdadeira Luz que ilumina todo homem é Jesus (cf. Jo 8,12; 9,5; 1,9) e quem crer nele e vive a partir desta fé não permanece nas trevas (cf. Jo 12,46) mas é iluminado com a  esta luz (cf. Jo 11,9). A fé em Cristo, que vem pela escuta da sua palavra, é o que ilumina o homem e a mulher e os faz participantes da divindade e do Espírito[1] do Senhor. Esta realidade espiritual acontece sacramentalmente com o batismo. O rito da entrega da luz no final deste sacramento nos ajuda a entender melhor o mistério: os padrinhos se aproximam do sacerdote e acendem suas velas no círio, símbolo de Cristo Luz do mundo, e entregam a vela ao novo batizado. O padre, então diz: “Agora vocês são luz em cristo. Vivam sempre como filhos da luz. perseverem na fé, para que, quando o senhor vier, possam ir ao seu encontro com todos os santos, no reino dos céus.
Não se trata em primeiro lugar de um compromisso que precisamos assumir, ou de uma tarefa que precisamos desempenhar, mas de uma graça. Jesus vem e faz em nós o seu templo, o lugar da sua habitação. O que precisamos fazer? Deixar transparecer a luz de Cristo diminuindo nossa opacidade. Com outras palavras, ser sua testemunha diante dos homens e mulheres (cf. At 1,8)[2].
Quando Jesus fala no final do evangelho que é preciso que os homens vejam as boas obras (kala erga)[3] de seus seguidores (cf. Mt 5,16), ele não está dizendo para “tocar a trombeta” quando se fizer caridade. Mais a frente vai condenar tal atitude dos fariseus (cf. Mt 6,1-4). Ele está dizendo que precisamos viver intensamente nossa experiência com ele para comunicar aos outros a luz, a alegria, a capacidade de amar que sua presença nos dá[4]. Não precisamos fazer como alguns cristãos que estão sempre tentando levar adeptos para suas comunidades através da persuasão ou propaganda. O testemunho que a Igreja nos pede hoje é diferente.
Em primeiro lugar, somos convidados a praticar nossa fé em uma comunidade eclesial da nossa paróquia. Depois precisamos tentar viver evangelho na nossa família, trabalho e amizades. Isso é, e sempre foi, o mais difícil e o mais importante. A primeira leitura nos ajuda a entender melhor:
Assim diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.
Então, brilhará tua luz como a aurora (...).
(...) Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia (Is 58, 7-10).
Para ser luz, é preciso deixar de lado os costumes opressores, o autoritarismo e a linguagem maldosa, coisas muito comuns nas nossas famílias e ambientes de trabalho. O cristão precisa ser o primeiro a fazer isso. Porém, não basta. Precisamos refletir a amabilidade, a misericórdia e generosidade de Cristo[5], especialmente com os mais necessitados. Refletir a sua luz.
Tais atitudes irão chamar a atenção das pessoas (mesmo sem querermos), elas são por si só eloquentes. Por isso, vão aparecer momentos oportunos para também testemunharmos a razão da nossa fé com palavras e convidarmos as pessoas a fazerem a mesma experiência que fizemos. Quantos homens, quantas mulheres caminham sem sentido na vida, sem esperança e desejo. Podemos ajuda-los!
Ser portador de luz não é fácil. Significa dar espaço a Jesus na nossa vida, esvaziarmos de nós mesmos, termos tempo para ele e seu Reino. Podemos falhar nessa missão e nos tornarmos cristãos insípidos, que só possuem o título e o batistério mas são os seres  mais dignos de pena. Conservemos a chama da nossa fé acesa. Vamos alimentá-la, ou reacendê-la, semanalmente na eucaristia dominical[6].







Pe. Emilio Cesar
Pároco de Messejana





[1] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 158.
[2] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 159.
[3] A única vez que reaparece esta expressão (kala erga) no evangelho de Mateus é quando uma mulher unge Jesus antes de sua paixão. Jesus defende a mulher que estava sendo criticada pelo desperdício de dinheiro e mostra que aquela é uma “boa obra”, melhor que a esmola (cf. Mt 26,10). E diz mais: “onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória” (Mt 26,13). Provavelmente o evangelista quer mostrar que a relação com Jesus faz o discípulo ir além do cumprimento da lei refletindo a luz do Senhor para o mundo.
[4] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 159.
[5] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 159.
[6] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 161.

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