Is 58,7-10
1Cor 2,1-5
Mt 5,13-16
"Vós sóis a luz
do mundo" (Mt 5,14).
Domingo passado celebrávamos a Festa da Apresentação do
Senhor e lembrávamos que o menino com apenas quarenta dias de vida já era
reconhecido como Luz para as nações e glória do seu povo (cf. Lc 2,32). O
evangelho de hoje nos diz que nós somos também luz do mundo (Mt 5,14). Em que
sentido isso acontece?
Alguns podem pensar que Jesus estaria convidando a mostrar
nossos talentos aos outros: “sua luz precisa brilhar e não deixe que ninguém a
ofusque”. Quem interpreta ou pensa assim está muito longe daquilo que o
evangelho quer ensinar.

Não se trata em primeiro lugar de um compromisso que
precisamos assumir, ou de uma tarefa que precisamos desempenhar, mas de uma
graça. Jesus vem e faz em nós o seu templo, o lugar da sua habitação. O que
precisamos fazer? Deixar transparecer a luz de Cristo diminuindo nossa opacidade.
Com outras palavras, ser sua testemunha diante dos homens e mulheres (cf. At
1,8)[2].
Quando Jesus fala no final do evangelho que é preciso que os
homens vejam as boas obras (kala erga)[3]
de seus seguidores (cf. Mt 5,16), ele não está dizendo para “tocar a trombeta”
quando se fizer caridade. Mais a frente vai condenar tal atitude dos fariseus
(cf. Mt 6,1-4). Ele está dizendo que precisamos viver intensamente nossa
experiência com ele para comunicar aos outros a luz, a alegria, a capacidade de
amar que sua presença nos dá[4].
Não precisamos fazer como alguns cristãos que estão sempre tentando levar
adeptos para suas comunidades através da persuasão ou propaganda. O testemunho
que a Igreja nos pede hoje é diferente.
Em primeiro lugar, somos convidados a praticar nossa fé em
uma comunidade eclesial da nossa paróquia. Depois precisamos tentar viver
evangelho na nossa família, trabalho e amizades. Isso é, e sempre foi, o mais
difícil e o mais importante. A primeira leitura nos ajuda a entender melhor:
Assim diz o Senhor: Reparte o
pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um
nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.
Então, brilhará tua luz como a
aurora (...).
(...) Se destruíres teus
instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem
maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro
ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o
meio-dia (Is 58, 7-10).
Para ser luz, é preciso deixar de lado os costumes
opressores, o autoritarismo e a linguagem maldosa, coisas muito comuns nas
nossas famílias e ambientes de trabalho. O cristão precisa ser o primeiro a
fazer isso. Porém, não basta. Precisamos refletir a amabilidade, a misericórdia
e generosidade de Cristo[5],
especialmente com os mais necessitados. Refletir a sua luz.
Tais atitudes irão chamar a atenção das pessoas (mesmo sem
querermos), elas são por si só eloquentes. Por isso, vão aparecer momentos
oportunos para também testemunharmos a razão da nossa fé com palavras e
convidarmos as pessoas a fazerem a mesma experiência que fizemos. Quantos
homens, quantas mulheres caminham sem sentido na vida, sem esperança e desejo.
Podemos ajuda-los!
Ser portador de luz não é fácil. Significa dar espaço a Jesus
na nossa vida, esvaziarmos de nós mesmos, termos tempo para ele e seu Reino.
Podemos falhar nessa missão e nos tornarmos cristãos insípidos, que só possuem
o título e o batistério mas são os seres mais dignos de pena. Conservemos a chama da
nossa fé acesa. Vamos alimentá-la, ou reacendê-la, semanalmente na eucaristia
dominical[6].
Pe. Emilio Cesar
Pároco de Messejana
[1] Cf.
Raniero Cantalamessa, La
Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 158.
[2]
Cf. Raniero Cantalamessa, La
Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 159.
[3] A
única vez que reaparece esta expressão (kala
erga) no evangelho de Mateus é quando uma mulher unge Jesus antes de sua
paixão. Jesus defende a mulher que estava sendo criticada pelo desperdício de
dinheiro e mostra que aquela é uma “boa obra”, melhor que a esmola (cf. Mt
26,10). E diz mais: “onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, em todo
o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória” (Mt 26,13).
Provavelmente o evangelista quer mostrar que a relação com Jesus faz o
discípulo ir além do cumprimento da lei refletindo a luz do Senhor para o
mundo.
[4]
Cf. Raniero Cantalamessa, La
Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 159.
[5]
Cf. Raniero Cantalamessa, La
Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 159.
[6]
Cf. Raniero Cantalamessa, La
Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 161.
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