Cristo ressuscitou, aleluia!
Sim, ressuscitou de verdade, aleluia!
Caros irmãos e irmãs,
No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos uma descrição
que inspirou a Igreja na organização do seu tempo litúrgico: após Jesus ressuscitado
passar quarenta dias aparecendo aos apóstolos e falando-lhes sobre o Reino de
Deus, ele sobe aos céus (At 1,3.9). Há mais ou menos 40 dias atrás estávamos
celebrando a ressurreição do Senhor. Hoje fazemos memória da sua subida ao céu
para que, no quinquagésimo dia da Páscoa, celebremos Pentecostes, o envio do
Espírito Santo.
O que significa a “ascensão”?
Ascender significa “subir”. No salmo que rezamos diz que “por entre aclamações
Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque de trombeta” (Sl 47). Este salmo foi
pensado para ser cantado ou recitado quando a Arca do Senhor subia o monte Sião
(em Jerusalém),para ser colocada no Santo dos Santos, como se fosse uma
entronização – Ele assume o lugar de rei do seu povo. É neste sentido que
devemos pensar na subida de Jesus ao céu: uma entronização:
Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos
mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a
autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear, não
somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob seus pés
e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que possui a plenitude universal (Ef 1,20-23).
Jesus assume agora o seu lugar de Senhor, ao lado do Pai.
Deste lugar Ele reina soberano sobre a terra. Mesmo que nós não percebamos
claramente, acreditamos que Ele reina, não só sobre a natureza, mas também
sobre a história humana. Isso Ele pode fazer de duas formas. A primeira é tirando
um bem, mesmo das ações negativas dos homens e mulheres (injustiças,
assassinatos, violências etc). O Senhor não quer tais coisas, mas consegue
tirar delas algo de bom para quem as vive. Outra forma de Ele reinar é quando
as pessoas se submetem aos seu senhorio pela fé e procuram realizar sua vontade
na própria vida e no ambiente que as cercam (família, trabalho, amizades,
lazer). Podemos dizer que é principalmente desta última forma que o Reino de
Deus vai sendo instaurado no nosso meio. Isso deve acontecer de forma excelente
na comunidade dos fiéis, na Igreja, para que Jesus se torne efetivamente aquilo
que Ele é: o chefe, a cabeça do seu corpo. Dessa forma, os que não acreditam
olharão para nossa comunidade e poderão perceber algo diferente no nosso meio
(a justiça, o amor pelos mais fracos, o cuidado com o marginalizados), um
testemunho que pode tocar seus corações e suscitar a fé.
Ao contemplar a beleza deste momento, os apóstolos ficaram
abismados olhando para o céu (At 1,10). Dá a impressão que eles iriam continuar
daquela forma indefinidamente. Só que dois mensageiros de Deus alertaram:
“Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu?” (At
1,11). Poderíamos continuar o discurso destes homens de branco: É preciso que
vocês recebam o Espírito Santo e saiam em missão, pregando a Palavra de Deus,
implantando novas comunidades cristãs, vivendo como irmãose testemunhando o
Reino de Deus. Alguns católicos da nossa paróquia parecem com estes apóstolos
antes da mensagem dos dois anjos. Quando sabem que vai haver um momento de
oração (olhar para o céu) – noite de louvor, “missa de cura”, adoração ao
Santíssimo etc – correm para participar. Mas quando são chamados para fazer
parte de uma semana missionária, um grupo de catequese, um trabalho social, uma
pastoral... correm léguas. O verdadeiro contemplativo é o homem e a mulher que
tem os pés no chão. Se enchem de Deus e de sua beleza para depois sair em
missão, viver o evangelho com seus irmãos de comunidade, tentar instaurar o
Reino de justiça na Igreja e na sociedade.
Que a festa da ascensão nos ajude a reconhecer o Senhorio de
Jesus no mundo e na Igreja e a nos submeter conscientemente a Ele, colaborando
com a implantação do seu Reino.
Pe. Emilio Cesar Porto Cabral
Pároco
de Guaiuba
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