sexta-feira, 17 de maio de 2013

DOMINGO DE PENTECOSTES


Cristo ressuscitou, aleluia!
Sim, ressuscitou de verdade, aleluia!

Caros irmãos e irmãs,

Hoje a Igreja celebra a festa de Pentecostes. No Antigo Testamento ela era celebrada cinquenta dias depois da Páscoa e marcava o fim da colheita do trigo (Ex 34,22; Dt 16,9; Lv 23,16). Posteriormente ela foi relacionada com a entrega da lei no monte Sinai, quando o povo tinha saído do Egito e se encontrava no deserto.

Nos Atos dos Apóstolos encontramos todos os discípulos de Jesus reunidos em Jerusalém, seguindo a orientação que Jesus tinha dado antes de subir aos céus. Eles estão esperando o cumprimento da promessa: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8). Pela leitura de outras passagens, especialmente o evangelho de hoje (Jo 20,19), percebemos que os discípulos de Jesus estavam com medo que aqueles que O crucificaram fizessem a mesma coisa com eles. Nem mesmo os apóstolos tinham coragem de anunciar que o Mestre tinha ressuscitado dos mortos. Eles realmente precisavam de uma força que os impulsionasse, desse coragem e impelisse à missão.

Como a Igreja ainda se parece com estes homens! Ela olha para si, para seus missionários, e percebe que não são as pessoas mais capacitadas, nem as mais inteligentes e ou de melhor oratória. São mulheres e homens comuns, simples, e, muitas vezes, limitados. Enquanto o “mundo” está cheio de doutores, sábios, oradores, cientistas, pessoas verdadeiramente capacitadas. Algumas deles continuam sendo muito críticas contra os cristãos e os taxam de fanáticos, iludidos, perigosos. É mais do que normal, neste contexto de pessoas ilustres e de hostilidade, nos amedrontarmos.

Os discípulos de Jesus, reunidos, perseveravam em oração. De repente veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Alguns leitores e ouvintes desta passagem pensam logo que a narrativa do livro é documental, como se o autor estivesse presente no local anotando todos os detalhes. Mas não é essa a intenção da passagem. Ela quer mostrar algo que aconteceu (vinda do Espírito Santo), mas descreve com elementos que o Antigo Testamento utilizava para falarda manifestação divina (teofania) no meio do seu povo (vento forte). Deus se manifesta novamente, agora enviando seu Espírito, uma força que impulsionará os discípulos na missão assim como o motor impulsiona o carro, para utilizar uma imagem simples.

Este acontecimento é ainda descrito com outra imagem do Antigo Testamento: o fogo que assume a forma de línguas. Assim como o Senhor Deus se manifestou no alto do monte Sinai com fogo, terremoto, estrondos... mostrando para Seu povo quem era e dando-lhe uma lei, assim também Ele faz agora. Mas tudo isso não é para colocar medo nos homens e mulheres e obrigá-los a se converterem, muito menos para que cada um sinta o prazer da presença de Deus. Todas essas manifestações estão em função do anúncio da Boa Nova de Jesus. Se você tiver ouvido com atenção esta passagem, vai perceber quantas vezes aparecem vocábulos relacionados à fala e à escuta (línguas de fogo, falar em outras línguas, ouvir falar em sua própria língua etc.). A partir desse momento, os discípulos iniciam a pregação do evangelho com intrepidez, coragem, e nada mais vai poder deter essa Palavra, nem mesmo a morte dos mensageiros.

Muitas vezes na nossa Igreja não lembramos de Pentecostes. Diante da missão, ou fugimos porque não somos capacitados, temos medo; ou nos preparamos tanto, nos organizamos de tal forma que deixamos pouco espaço para a ação da Força de Deus. Não esqueçamos que o motor da missão é o Espírito Santo (utilizando a imagem oferecida acima). Nós somos o carro que pode transportar o passageiro ilustre, a Palavra do Senhor, uma mensagem nova e boa que liberta os homens e mulheres de suas amarras e os conduz a uma vida de felicidade, se eles aceitam a mensagem proclamada e respondem com a fé. Por isso, peçamos o Espírito Santo sobre nossa comunidade eclesial e sobre cada um de nós, para que nos tornemos missionários destemidos e pacíficos da Palavra do Senhor.


Pe. Emilio Cesar Porto Cabral
Pároco de Guaiuba -  Ce


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