“Não chores!”
Jesus se enche de compaixão para com ela e diz: “Não
chores!” (Lc 7,13). Depois, parando a procissão, diz ao defunto: “Jovem, eu te
ordeno, levanta-te!” (Lc 7,14). A palavra de Jesus muda aquela situação, a
procissão fúnebre se tornou procissão de vida, alegria e festa. E os
participantes desta caminhada ficaram com muito medo e reconheceram que “um
grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo” (Lc 7,17).
Imediatamente lembramos da primeira leitura, onde o profeta
Elias, o maior do Antigo Testamento se encontra numa situação constrangedora. A
viúva que tinha lhe acolhido estava com o filho muito doente, à beira da morte
e culpou o profeta (1Re 17,18). Ele, por sua vez, em oração, culpou Deus e
reivindicou a cura para o menino (1Re 17,20-21). Depois de alguns gestos
simbólico feitos pelo profeta a “alma”, ou seja, a respiração, o sopro, a vida,
voltou para aquele menino.
Se compararmos a cura de Elias com o milagre realizado por
Jesus vamos perceber que nosso Mestre é um profeta muito maior. O jovem de Naim
estava morto, já tinha sido velado e estava sendo levando para ser enterrado.
Jesus não precisou orar nem fazer gestos simbólicos, apenas sua palavra teve
força de mudar totalmente aquela situação. Por isso, ele é considerado um
grande profeta, maior que Elias, e nele se reconhece a visita de Deus ao seu
povo. Não aos moldes do Antigo Testamento, quando o Senhor vinha em alguns
momentos especiais, demostrava seu amor e poder, e depois pareciadeixa-los
caminhar sozinho, até a próxima visita. Agora Deus faz morada com o seu povo
através de Jesus, especialmente após sua ressurreição.
Meus irmãos e irmãs, nós também experimentamos momentos de
indigência, quando nos assemelhamos aquela viúva que perdeu seu único filho. O
chão é tirado dos nossos pés, a vida perde sentido, nos sentimos sozinhos e,
geralmente, precisamos encontrar um culpado para descontar toda a raiva que
sentimos nestas ocasiões. O filho morreu, o marido fugiu, descobri que estou
com câncer... Nestas situações parece que o choro não basta, precisamos
despejar todos os sentimentos que temos em alguém, e muitas vezes fazemos isso
em Deus, o único que pode transforma esta situação. Jesus, com sua palavra,
pode transformar a morte que você vivencia em vida, não sempre da maneira que
você gostaria, com a cura, mas da forma que será melhor para você. Ele se encontra
agora com você, para a procissão fúnebre da sua vida (lembre daquilo que hoje
mais lhe aflige) e movido de compaixão lhe diz: “não chores!”. É uma palavra
que pode mudar toda a sua vida.
Pe. Emilio Cesar
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