Ml 3,1-4
Hb 2,14-18
Lc 2,22-40
"Luz para
iluminar as nações" (Lc 2,32).
A festa da apresentação do Senhor nasceu na Igreja de
Jerusalém. Era celebrada 40 dias depois do nascimento do Senhor para refletir a
conformidade com a lei hebraica que exigia este tempo entre o nascimento de um
menino e a purificação da mãe, bem como o resgate do mesmo caso fosse
primogênito (cf. Ex 13,1-2.12-13Hypapantè).
; Lv 12). Como o oriente celebrava o nascimento
de Jesus no dia 6 de janeiro, a Apresentação acontecia no dia 15 de fevereiro e
era conhecida como Festa do Encontro (
Quando foi levada para o ocidente nos séculos VI e VII, foi
transferida para 2 de fevereiro, visto que celebrávamos o nascimento do Senhor
no dia 25 de dezembro. Ela foi unida a uma procissão penitencial que tinha o
objetivo de se contrapor aos ritos pagãos das “lustrações” (os Lupercalia)[1].
Isso acabou se tornando uma imitação da apresentação de Cristo no Templo. No
século X se organizou uma solene benção das velas de onde vem o nome popular de
“Candelária”[2],
em referência ao cântico de Simeão: Jesus é “Luz para iluminar as nações” (Lc
2,32). As velas eram levadas para casa e serviam, entre outras coisas, para
clarear a agonia daqueles que passavam deste mundo ao Pai, entre um ano e outro[3].
Hoje vamos aprofundar o sentido oriental desta celebração:
Festa do Encontro. Na profecia de Malaquias, após haver reprovado o formalismo
do culto e a incapacidade de oferecer um sacrifício válido por parte dos
sacerdotes da época (cf. Ml 1), Deus anuncia uma intervenção salvífica. Ele vai
enviar um mensageiro para preparar o seu caminho e depois, Ele próprio como
anjo da aliança entrará em seu templo instaurando um novo culto porque
purificará o povo de seus pecados (cf. Ml 3,1-4). Sabemos que o mensageiro de
Deus foi João Batista (cf. Mt 11,10) e a liturgia de hoje nos convida a
compreender que o anjo da aliança é Jesus. Numa perspectiva humana, ele entra
no templo de Jerusalém com seus pais para ser oferecido a Deus. O mistério,
porém, é bem mais profundo, ele vai ao encontro do seu povo para realizar uma
nova e eterna aliança com sua vida
oferecida a Deus, que culmina na sua morte e ressureição. Este é o novo culto
espiritual.
Simeão encontra o menino e proclama:
“Agora, Senhor, conforme a tua
promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua
salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações
e glória do teu povo Israel” (Lc 2,29-32).
O menino que tinha apenas 40 dias de vida já é visto como
luz, não só para os judeus, mas para todos os povos. Isso significa que ele é o
Salvador do mundo. A partir de então, o destino de cada homem e mulher se
decidirá diante de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de
reerguimento para muitos em Israel” (Lc 2,34). Ninguém poderá ouvi-lo e
permanecer indiferente porque a própria indiferença é já um não que se dá ao
Salvador, à Luz do mundo.
Quando entramos na igreja com nossas velas acesas estamos
fazendo o mesmo movimento que Simeão fez, indo ao encontro do Menino que nos
chama. Coloquemo-lo nos nossos braços e reconheçamos que ele é nossa luz
através da sua Palavra; nosso alimento através do Pão eucarístico; nosso irmão
que nos deu uma família e que está entre nós nesta celebração. Este é o
mistério do encontro, encontro com nosso Salvador que acontece toda liturgia
dominical mas que hoje podemos compreender melhor graças aos símbolos[4].
Finalizemos com as palavras de exortação do início desta celebração que resume
todo o mistério que tentei apresentar para vocês:
Irmãos e irmãs, há quarenta
dias celebrávamos com alegria o Natal do Senhor. E hoje chegou o dia em que
Jesus foi apresentado ao templo por Maria e José. Conformava-se assim à lei do
Antigo Testamento, mas na realidade vinha
ao encontro do seu povo fiel. Impulsionados pelo Espírito Santo, o velho
Simeão e a profetisa Ana foram também ao templo. Iluminados pelo mesmo
Espírito, reconheceram o seu Senhor naquela criança e o anunciaram com júbilo. Também nós, reunidos pelo Espírito
Santo, vamos nos dirigir à casa de
Deus, ao encontro de Cristo. Nós o
encontraremos e reconheceremos na fração do pão, enquanto esperamos a sua vinda
na glória[5]
Pe. Emilio Cesar
Pároco de Messejana
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Lupercalia
[2]
Para a reconstituição histórica desta festa cf. Centro Catequético Salesiano de
Turim-Leumann, Missal dominical. Missal
da assembleia cristã. 5a Ed., São Paulo: Paulus 1995, p. 1309.
[3] Raniero
Cantalamessa,
La Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 301-302.
[4] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla
Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma:
Città Nuova 2004, p. 303.
[5] Exortação inicial antes da procissão
que pode ser realizada em uma das missas paroquias. Os destaques em itálico são
meus.
Jesus está sempre conosco. Minha paixão por Jesus é enorme,ele já atendeu me vários pedidos,que fiquei impressionada. "Jesus eu te amo muito"
ResponderExcluir