quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

Ml 3,1-4
Hb 2,14-18
Lc 2,22-40

"Luz para iluminar as nações" (Lc 2,32).

A festa da apresentação do Senhor nasceu na Igreja de Jerusalém. Era celebrada 40 dias depois do nascimento do Senhor para refletir a conformidade com a lei hebraica que exigia este tempo entre o nascimento de um menino e a purificação da mãe, bem como o resgate do mesmo caso fosse primogênito (cf. Ex 13,1-2.12-13Hypapantè).
; Lv 12). Como o oriente celebrava o nascimento de Jesus no dia 6 de janeiro, a Apresentação acontecia no dia 15 de fevereiro e era conhecida como Festa do Encontro (
Quando foi levada para o ocidente nos séculos VI e VII, foi transferida para 2 de fevereiro, visto que celebrávamos o nascimento do Senhor no dia 25 de dezembro. Ela foi unida a uma procissão penitencial que tinha o objetivo de se contrapor aos ritos pagãos das “lustrações” (os Lupercalia)[1]. Isso acabou se tornando uma imitação da apresentação de Cristo no Templo. No século X se organizou uma solene benção das velas de onde vem o nome popular de “Candelária”[2], em referência ao cântico de Simeão: Jesus é “Luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). As velas eram levadas para casa e serviam, entre outras coisas, para clarear a agonia daqueles que passavam deste mundo ao Pai, entre um ano e outro[3].
Hoje vamos aprofundar o sentido oriental desta celebração: Festa do Encontro. Na profecia de Malaquias, após haver reprovado o formalismo do culto e a incapacidade de oferecer um sacrifício válido por parte dos sacerdotes da época (cf. Ml 1), Deus anuncia uma intervenção salvífica. Ele vai enviar um mensageiro para preparar o seu caminho e depois, Ele próprio como anjo da aliança entrará em seu templo instaurando um novo culto porque purificará o povo de seus pecados (cf. Ml 3,1-4). Sabemos que o mensageiro de Deus foi João Batista (cf. Mt 11,10) e a liturgia de hoje nos convida a compreender que o anjo da aliança é Jesus. Numa perspectiva humana, ele entra no templo de Jerusalém com seus pais para ser oferecido a Deus. O mistério, porém, é bem mais profundo, ele vai ao encontro do seu povo para realizar uma nova e eterna  aliança com sua vida oferecida a Deus, que culmina na sua morte e ressureição. Este é o novo culto espiritual.
Simeão encontra o menino e proclama:
“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2,29-32).
O menino que tinha apenas 40 dias de vida já é visto como luz, não só para os judeus, mas para todos os povos. Isso significa que ele é o Salvador do mundo. A partir de então, o destino de cada homem e mulher se decidirá diante de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel” (Lc 2,34). Ninguém poderá ouvi-lo e permanecer indiferente porque a própria indiferença é já um não que se dá ao Salvador, à Luz do mundo.
Quando entramos na igreja com nossas velas acesas estamos fazendo o mesmo movimento que Simeão fez, indo ao encontro do Menino que nos chama. Coloquemo-lo nos nossos braços e reconheçamos que ele é nossa luz através da sua Palavra; nosso alimento através do Pão eucarístico; nosso irmão que nos deu uma família e que está entre nós nesta celebração. Este é o mistério do encontro, encontro com nosso Salvador que acontece toda liturgia dominical mas que hoje podemos compreender melhor graças aos símbolos[4]. Finalizemos com as palavras de exortação do início desta celebração que resume todo o mistério que tentei apresentar para vocês:
Irmãos e irmãs, há quarenta dias celebrávamos com alegria o Natal do Senhor. E hoje chegou o dia em que Jesus foi apresentado ao templo por Maria e José. Conformava-se assim à lei do Antigo Testamento, mas na realidade vinha ao encontro do seu povo fiel. Impulsionados pelo Espírito Santo, o velho Simeão e a profetisa Ana foram também ao templo. Iluminados pelo mesmo Espírito, reconheceram o seu Senhor naquela criança e o anunciaram com júbilo. Também nós, reunidos pelo Espírito Santo, vamos nos dirigir à casa de Deus, ao encontro de Cristo. Nós o encontraremos e reconheceremos na fração do pão, enquanto esperamos a sua vinda na glória[5]





Pe. Emilio Cesar
Pároco de Messejana




[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Lupercalia
[2] Para a reconstituição histórica desta festa cf. Centro Catequético Salesiano de Turim-Leumann, Missal dominical. Missal da assembleia cristã. 5a Ed., São Paulo: Paulus 1995, p. 1309.
[3] Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 301-302.
[4] Cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e la vita. Riflessioni sulla Parola di Dio delle Domeniche e delle feste dell’anno A. 12a Ed., Roma: Città Nuova 2004, p. 303.
[5] Exortação inicial antes da procissão que pode ser realizada em uma das missas paroquias. Os destaques em itálico são meus.

Um comentário:

  1. Jesus está sempre conosco. Minha paixão por Jesus é enorme,ele já atendeu me vários pedidos,que fiquei impressionada. "Jesus eu te amo muito"

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