sábado, 6 de setembro de 2014

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM



Ez 33,7-9
Rm 13,8-10
Mt 18,15-20
“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt 18,20)

Caros irmãos e irmãs,
Estamos reunido em nome do Senhor Jesus, e não somos apenas dois ou três mas dezenas, ou centenas, em algumas capelas e na Matriz. Ele nos prometeu que estaria no nosso meio de maneira única. Sabemos que ele está em todos os lugares, em todas as criaturas, mas aqui sua presença é mais forte, é sacramental. Quem deseja encontrar o Senhor não pode deixar de
participar da assembleia dominical. Jesus está na palavra proclamada, nos irmãos reunidos, nos sacerdote que conduz a oração e nas espécies eucarística! Por isso, nunca perca esse momento tentando se iludir que rezar em casa, ou assistir a missa pela televisão, tem o mesmo efeito, não tem! Ele está aqui de uma maneira única, mais forte que nestes outros lugares ou momentos. E o que faz a presença dele ser especial nesta assembleia dominical?
Em primeiro lugar, a sua promessa que acabamos de ouvir. Mas se prestarmos bastante atenção ao que Jesus disse, percebemos o segredo dessa presença. Não é algo mecânico, como se bastasse juntar duas ou três pessoas e pronto! Automaticamente (magicamente) ele se faria presente. Não é assim! O agrupamento das pessoas precisa ser uma reunião em torno do nome de Jesus. Isso implica que precisa existir uma verdadeira comunidade de discípulos de Jesus que procura viver o amor, o perdão e a correção fraterna entre si. Uma comunidade que cuida bem dos que têm uma fé frágil e que possui autoridades para conduzi-la. Basta ler com atenção o capítulo 18 de Mateus, de onde nossa passagem é retirada, para percebemos todos os pressupostos necessários para haver essa presença de Jesus. Quando existe uma comunidade cristã, com todas as fraquezas das pessoas que a compõe, Jesus sempre se colocará no meio dela quando se reunirem para celebrar. Mais uma vez percebemos que não é bom “assistirmos” a missa em Igrejas diferentes a cada domingo, mas é importante “celebramos” com nossa comunidade, por mais difícil que seja. Assim encontraremos o Senhor de maneira real e sacramental.
É interessante perceber que nossa assembleia eucarística, principalmente na Matriz, tem a característica de formar quase um círculo quando está celebrando: o povo na frente e dos lados, o padre com os ministros fechando o perímetro. No meio está o altar, sinal maior da presença do Senhor. É uma maneira de lembrar que quando nos reunimos em nome de Jesus ele mesmo se coloca sempre no nosso meio.

Mas dissemos que para haver a presença do Senhor na reunião de duas ou três pessoas é necessário uma comunidade cristã que viva a caridade entre seus membros. Por isso nossa passagem fala da correção fraterna (cf. Mt 18,15-20). Se um dos irmãos está se dirigindo para um caminho perigoso e destrutivo, os outros farão de tudo para tirá-lo daquela situação. Como é difícil corrigir e se deixar corrigir! Se alguém nos diz que estamos fazendo algo errado e precisamos mudar, nos sentimos humilhados e revidamos sendo agressivos, “quem é você para me dizer isso?” É verdade que as vezes que tentamos fazer uma correção fraterna não temos o cuidado necessário de falar com carinho e respeito para que o irmão veja aquilo como uma ajuda e não como uma repreensão, um castigo, ou, pior, uma humilhação. Por isso a segunda leitura nos ensinou que todos nós somos devedores do amor mútuo (cf. Rm 13,8); e a primeira que a correção não é uma opção mas obrigação do profeta. Caso ele prefira o silêncio, a omissão diante do pecador, será responsável pela morte do ímpio e Deus lhe pedirá contas (cf. Ez 33,8).
A maioria de nós, porém, nunca vivencia tal correção, por que? Porque nossas comunidades paroquiais não têm sido uma verdadeira comunidade cristã onde os irmãos oram, trabalham e crescem juntos na fé. Vemos a paróquia como aquela Igreja que eu vou no domingo, ou no sábado, para a celebração e pronto. Não conheço quem se senta ao meu lado, quem participa daquela missa. Não me comprometo com meus irmãos de fé e com a minha comunidade. Neste contexto é quase impossível entender e vivenciar o evangelho de hoje.
Este evangelho só pode ser compreendido e vivido por aqueles que estão fazendo um caminho juntos, estão crescendo na fé e se comprometendo uns com os outros em Cristo. Por isso, a nossa tentativa de formar grupos de reflexão. Nestes grupos você poderá experimentar o que é uma comunidade, o que é ser irmão daquela pessoa que conheceu na reunião e que partilha a mesma fé. Ao criar laços com ela você fará de tudo para ajuda-la, principalmente quando estiver em pecado ou se distanciando da comunidade. Seja conversando com ela a sós, convidando outros irmãos para lhe ajudarem nesta empreitada ou mesmo todo o grupo. Se ela não quiser nenhuma destas ajudas então deixe trilhar o caminho que escolheu, consequentemente não fará mais parte da comunidade (cf. Mt. 18,18).

Para aqueles que já participam dos grupos de reflexão, o evangelho de hoje é um grande desafio para tornarmos estes grupos verdadeiras comunidade de irmãos que se ajudam. Para os que estão participando só das missas dominicais sem maiores compromissos com sua Igreja, fica o convite de ingressar em um dos nossos grupos. Este evangelho, porém, também precisa ser vivido na sua família, trabalho e com seus amigos. A correção fraterna é uma das maneiras mais concretas de mostrarmos que amamos verdadeiramente a pessoa que está ao nosso lado e pensamos no bem dela.


Pe. Emilio Cesar Porto Cabral
Pároco de Messejana


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