Ez 33,7-9
Rm 13,8-10
Mt 18,15-20
“Onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt
18,20)
Caros irmãos e irmãs,
Estamos reunido em nome do Senhor
Jesus, e não somos apenas dois ou três mas dezenas, ou centenas, em algumas
capelas e na Matriz. Ele nos prometeu que estaria no nosso meio de maneira
única. Sabemos que ele está em todos os lugares, em todas as criaturas, mas
aqui sua presença é mais forte, é sacramental. Quem deseja encontrar o Senhor não
pode deixar de
participar da assembleia dominical. Jesus está na palavra
proclamada, nos irmãos reunidos, nos sacerdote que conduz a oração e nas
espécies eucarística! Por isso, nunca perca esse momento tentando se iludir que
rezar em casa, ou assistir a missa pela televisão, tem o mesmo efeito, não tem!
Ele está aqui de uma maneira única, mais forte que nestes outros lugares ou
momentos. E o que faz a presença dele ser especial nesta assembleia dominical?
Em primeiro lugar, a sua promessa que
acabamos de ouvir. Mas se prestarmos bastante atenção ao que Jesus disse,
percebemos o segredo dessa presença. Não é algo mecânico, como se bastasse juntar
duas ou três pessoas e pronto! Automaticamente (magicamente) ele se faria
presente. Não é assim! O agrupamento das pessoas precisa ser uma reunião em torno do nome de Jesus. Isso
implica que precisa existir uma verdadeira comunidade de discípulos de Jesus que
procura viver o amor, o perdão e a correção fraterna entre si. Uma comunidade
que cuida bem dos que têm uma fé frágil e que possui autoridades para
conduzi-la. Basta ler com atenção o capítulo 18 de Mateus, de onde nossa
passagem é retirada, para percebemos todos os pressupostos necessários para
haver essa presença de Jesus. Quando existe uma comunidade cristã, com todas as
fraquezas das pessoas que a compõe, Jesus sempre se colocará no meio dela quando se reunirem para
celebrar. Mais uma vez percebemos que não é bom “assistirmos” a missa em
Igrejas diferentes a cada domingo, mas é importante “celebramos” com nossa
comunidade, por mais difícil que seja. Assim encontraremos o Senhor de maneira
real e sacramental.
É interessante perceber que nossa
assembleia eucarística, principalmente na Matriz, tem a característica de
formar quase um círculo quando está celebrando: o povo na frente e dos lados, o
padre com os ministros fechando o perímetro. No meio está o altar, sinal maior da presença do Senhor. É uma maneira
de lembrar que quando nos reunimos em nome de Jesus ele mesmo se coloca sempre no nosso meio.
Mas dissemos que para haver a
presença do Senhor na reunião de duas ou três pessoas é necessário uma
comunidade cristã que viva a caridade entre seus membros. Por isso nossa
passagem fala da correção fraterna (cf. Mt 18,15-20). Se um dos
irmãos está se dirigindo para um caminho perigoso e destrutivo, os outros farão
de tudo para tirá-lo daquela situação. Como é difícil corrigir e se deixar
corrigir! Se alguém nos diz que estamos fazendo algo errado e precisamos mudar,
nos sentimos humilhados e revidamos sendo agressivos, “quem é você para me
dizer isso?” É verdade que as vezes que tentamos fazer uma correção fraterna
não temos o cuidado necessário de falar com carinho e respeito para que o irmão
veja aquilo como uma ajuda e não como uma repreensão, um castigo, ou, pior, uma
humilhação. Por isso a segunda leitura nos ensinou que todos nós somos
devedores do amor mútuo (cf. Rm 13,8); e a primeira que a correção não é uma
opção mas obrigação do profeta. Caso ele prefira o silêncio, a omissão diante
do pecador, será responsável pela morte do ímpio e Deus lhe pedirá contas (cf.
Ez 33,8).
A maioria de nós, porém, nunca
vivencia tal correção, por que? Porque nossas comunidades paroquiais não têm
sido uma verdadeira comunidade cristã onde os irmãos oram, trabalham e crescem juntos
na fé. Vemos a paróquia como aquela Igreja que eu vou no domingo, ou no sábado,
para a celebração e pronto. Não conheço quem se senta ao meu lado, quem
participa daquela missa. Não me comprometo com meus irmãos de fé e com a minha comunidade.
Neste contexto é quase impossível entender e vivenciar o evangelho de hoje.
Este evangelho só pode ser
compreendido e vivido por aqueles que estão fazendo um caminho juntos, estão
crescendo na fé e se comprometendo uns com os outros em Cristo. Por isso, a
nossa tentativa de formar grupos de reflexão. Nestes grupos você poderá
experimentar o que é uma comunidade, o que é ser irmão daquela pessoa que conheceu
na reunião e que partilha a mesma fé. Ao criar laços com ela você fará de tudo
para ajuda-la, principalmente quando estiver em pecado ou se distanciando da
comunidade. Seja conversando com ela a sós, convidando outros irmãos para lhe
ajudarem nesta empreitada ou mesmo todo o grupo. Se ela não quiser nenhuma
destas ajudas então deixe trilhar o caminho que escolheu, consequentemente não
fará mais parte da comunidade (cf. Mt. 18,18).
Para aqueles que já participam dos
grupos de reflexão, o evangelho de hoje é um grande desafio para tornarmos
estes grupos verdadeiras comunidade de irmãos que se ajudam. Para os que estão
participando só das missas dominicais sem maiores compromissos com sua Igreja,
fica o convite de ingressar em um dos nossos grupos. Este evangelho, porém,
também precisa ser vivido na sua família, trabalho e com seus amigos. A correção
fraterna é uma das maneiras mais concretas de mostrarmos que amamos
verdadeiramente a pessoa que está ao nosso lado e pensamos no bem dela.
Pe. Emilio Cesar Porto Cabral
Pároco de Messejana
Pe. Emilio Cesar Porto Cabral
Pároco de Messejana
Nenhum comentário:
Postar um comentário